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Cosmetic Innovation - Know More. Create More.Destaque Fragrâncias‘Cheiro animal’ vira tendência no mundo da perfumaria

‘Cheiro animal’ vira tendência no mundo da perfumaria

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Em 2012, Victor Wong, desenvolvedor de videogames para uma empresa de Toronto, teve uma mini crise de meia-idade no resort em que passava férias. Exausto por causa do excesso de trabalho, sentiu as energias estranhamente renovadas ao cheirar os produtos cosméticos do hotel, que eram de uma linha de fragrâncias de nicho de cujo nome nem se lembra mais.

O que recorda é ter ficado maravilhado com os aromas – picantes, almiscarados, intensos. E foi naquele instante que soube que queria fazer um perfume.

Voltando para casa, começou a rondar os fóruns de sites de perfumes clássicos BaseNotes e Fragrantica, analisando freneticamente as fórmulas por trás de suas fragrâncias favoritas. E as mesmas notas surgiam sempre: castóreo, civeta, almíscar, âmbar cinza.

Ele percebeu que se sentia atraído, quase instintivamente, por cheiros derivados de animais, ou melhor, os produtos químicos equivalente criados em laboratório (a grande maioria dos materiais de perfumaria derivados de animais hoje está proibida ou é alvo de regulamentação rígida).

Quando Wong reuniu coragem para convocar um perfumista on-line para ajudá-lo a criar sua fragrância, já tinha um conceito específico – e animalesco – em mente. Batizaria a linha de Zoologist e lançaria uma série de perfumes com os nomes das criaturas selvagens que os inspirariam.

A matéria é do The New York Times, publicada no site do jornal Zero Hora.

Resultado – O britânico Chris Bartlett foi o primeiro a responder, com uma ideia ousada para a fragrância inicial da coleção de Wong: queria capturar a essência de um castor. Sugeriu um aroma que não usasse ingredientes animais originais, mas que tivesse um cheiro forte de pelo molhado, almíscar úmido, árvores caídas e o odor acre e oleoso do castóreo.

Wong topou na hora. Quando Beaver chegou ao mercado, em 2014, se tornou uma sensação polêmica quase que imediata no mundo dos perfumes. O CaFleureBon, que faz a resenha de perfumes cult, o elegeu um dos melhores do ano e os fãs se renderam à sua bossa forte e penetrante – mas, como hoje Wong admite, “no fim, provou ser diferente demais para muita gente”.

“Muitos acharam interessante, mas disseram que nunca usariam.” O odor de pelo animal úmido (e as conotações corpóreas pouco sutis do nome) deixou alguns clientes incomodados e nada fascinados com sua densidade.

Assim, Wong pediu a Bartlett que revisitasse a fórmula – e, com isso, acabou de lançar o Beaver 2016, repeteco da ideia original, mas com mais “notas de ar fresco e de água para torná-lo mais atraente”.

Wong lançou mais seis perfumes, incluindo Bat (“Morcego”), criação pungente que leva banana, terra de caverna, almíscar e figos supermaduros da perfumista Ellen Covey, ganhadora do prêmio máximo do Art and Olfaction Awards 2016. O respeitado crítico Luca Turin fez uma resenha entusiasmada, dizendo que “a fragrância parece iluminada por uma nota terrosa interna que dura até o processo de secagem”.

Acontece que os instintos animais de Wong estavam certos desde o início: em 2016, a demanda por aromas inspirados na fauna só faz crescer.

“Animalesco” é a palavra do momento no setor, agora que a tendência ‘minimalista e clean’ já se esgotou (pelo menos nos nichos da alta moda) e despontam as fragrâncias mais agressivas.

Talvez seja o desejo da Geração Y de resgatar os odores primevos em uma era de distanciamento digital, mas a verdade é que os consumidores de perfume estão empolgados como se tivessem acabado de visitar um zoológico elegante.

Uma nova linha que se aproveita desse padrão é a Eris Parfums, coleção de Barbara Herman, escritora que se transformou em perfumista que administra o popular site de fragrâncias vintage Yesterday’s Perfume e cujo livro, “Scent and Subversion: Decoding a Century of Provocative Perfume”, foi publicado em 2013. Aliás, quando decidiu trocar a escrita sobre perfumes para sua produção, sabia que o elemento animal seria sua inspiração.

“Estava absolutamente obcecada com as essências animais. Tinha uns frasquinhos de Lanvin e Piguet antigos, cujos destaques são a civeta e o castóreo, e minha reação física a eles era incrível. São aromas mais redondos, mais profundos. Despertam a emoção em mim.”

Em suas pesquisas, Barbara descobriu que muitos de seus perfumes antigos favoritos tinham como acorde de base o Animalis, desenvolvido por uma companhia francesa nos anos 20. Em seu formato original, é um líquido amarelado untuoso que mistura civeta, castóreo, periná e almíscar com um cheiro semelhante ao odor corporal, cabelo sujo, suor, manteiga e estábulo.

Embora dê a impressão de ser repugnante, quando combinado com outros materiais, torna-se irresistível. A prova é o sucesso que fez em perfumes populares como Visa, da Robert Piguet, e Kouros, da YSL.

Embora a nota tenha mudado quando os produtos animais originais foram proibidos na perfumaria moderna, Barbara continuou querendo imitar sua força singular. E em meados deste ano ela lançou três perfumes, incluindo Ma Bête, que combina florais inebriantes como jasmim e néroli com notas mais cruas de benzoína, patchouli e uma nova mistura base química que copia o antigo Animalis.

“A palavra ‘bestial’ vira e mexe me aparece na cabeça. É um pouco como a tensão que aparece em ‘A Bela e A Fera’: ela tem medo, mas se sente atraída, se identifica, mas rechaça. É interessante, especialmente agora com a internet, nos lembrarmos de que, no fundo, somos animais”, afirma ela.

Algumas novidades mais recentes – como Salome (bestial, com destaque para o cominho) da Papillon Artisan Perfumes e o experimental Cadavre Exquis (que lembra vagamente a rigidez cadavérica) de Bruno Fazzolari e Antonio Gardoni – são agressivamente difíceis, cuja intenção óbvia é torcer e confundir o nariz e pode atrair os consumidores que querem enfrentar seus desejos mais obscuros.

Stephen Dirkes, perfumista autodidata que administra o badalado Euphorium Brooklyn de seu workshop, em Greenpoint, diz que os aromas animalescos servem, de uma forma meio torta, para enfrentar a mortalidade. “Há uma compulsão mórbida nesse cheiro”, explicou ele, bebericando o café, agitando uma lata de âmbar cinza autêntico, tirado da barriga da baleia, embaixo do meu nariz. O aroma era de banha cozida, moluscos e sal, mas era impossível parar de cheirá-lo.

“Gosto de lembrar de vez em quando que a moda, muitas vezes, é elevada a uma expressão de estilo próprio, como se fosse arte que se pode vestir, mas também não deixa de ser repúdio a si mesmo. Grasse, na França, de onde vem a perfumaria clássica, também é uma cidadezinha onde se curte couro. O cheiro das flores e da morte andam de mãos dadas”, filosofa.

Um dos perfumes mais vendidos da Euphorium é o Suédois, que mistura couro e especiarias e contém notas fortes de curtume. A mesma pungência é identificada na fragrância que é marca registrada da YeYe Parfums, Equus que, segundo o perfumista Ernesto Sanchez Bujanda, foi diretamente inspirado pela “vida do cavalo: estábulos, madeira, feno, suor, pele e a beleza do animal”.

“O elemento animalesco se dissolve com a pele. É uma ponte entre o perfume e a pessoa. Quando você o usa, ele se torna parte do que é. É o tipo de perfume que você não aplica, mas se submete a ele.”

Fonte: Zero Hora

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