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Cosmetic Innovation - Know More. Create More.Euromonitor Kantar RadarNa onda do cabelo cacheado e natural surgem novos serviços e produtos

Na onda do cabelo cacheado e natural surgem novos serviços e produtos

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Com mais pessoas usando os fios encaracolados ou crespos, salões e fabricantes do setor de beleza ampliam lançamentos para quem quer deixar de usar ou já abandonou a química

Transição, big chop , trança nagô,Lo/No Poo . Se você entendeu tudo, está mergulhado na onda que vem levando cada vez mais pessoas a usarem seus cabelos cacheados e crespos ao natural . Essa guinada no comportamento dos brasileiros — dispostos a exibir cabeleira cheia de volume e livre de química — está puxando uma revisão no cardápio de serviços e produtos para cabelo no país. É fenômeno que impacta de salões de beleza a fabricantes de cosméticos. O visual natural vem puxando alta de vendas de produtos específicos para cachos livres, além de colaborar com o resgate da autoestima e o empoderamento feminino e racial.

— Usar cabelos crespos e cacheados de forma natural já é tendência estabelecida, e que vem avançando. O uso do secador de cabelo e da chapinha vem retraindo, assim como a venda de produtos como tinturas e alisantes. A maioria dos produtos de higiene e beleza registra queda em vendas, mas os cremes para pentear, altamente consumidos por quem tem cachos, registram alta — destaca Giovanna Fischer, diretora de Marketing e Insights da Kantar WorldPanel.

A fatia de brasileiras que faz chapinha semanalmente caiu de 10% para 8,2% entre o segundo trimestre de 2017 e o último de 2018. Já as vendas de produtos de higiene e beleza encolheram em 2,5% nos 12 meses terminados em março. Nesse período, as de cremes para pentear subiram 4,7%.

— Isso reflete novos hábitos. Na crise, o foco passa ao maior custo/benefício do produto, que é o caso do creme para pentear, que tem uso e efeito de hidratação por mais tempo, importante para quem tem cabelo com cachos ou crespo — diz ela.

Está no próprio cabelo cacheado parte da explicação para essa mola impulsionando vendas. É que uma série de substâncias pode prejudicar esse tipo de fibra capilar, alterando a estrutura dos fios. Com isso, entraram no jogo o Lo Poo , uso de xampus que não agridem a fibra capilar, e o No Poo , lavagem do cabelo só com condicionador específico.

Queda de cabelo. A recepcionista Daiane Silva se libertou do alisamento três anos atrás, ao perceber que seus fios não paravam de cair. Agora,a filha dela parou a química Foto: GABRIEL MONTEIRO / Gabriel Monteiro

Moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, a recepcionista Daiane Silva, de 29 anos, começou a alisar o cabelo na adolescência. Três anos atrás, notou que os fios não paravam de cair. Desistiu da química e adotou produtos mais naturais no dia a dia, como cremes à base de óleo de coco. Hoje, ela comemora o resultado da longa transição para o cabelo crespo natural:

— Eu hidratava e continuava com as pontas feias, com o cabelo caindo. A química agride os fios, mas você acaba viciada. Desde o início do ano, estou com o cabelo 100% natural, e agora minha filha também parou com a química.

Rede muda serviços

Fazer a transição capilar é deixar o cabelo que era tratado com química crescer naturalmente. Na passagem de um para o outro, é preciso conviver com duas texturas de fios. O desfecho vem com o big chop , que é o corte das antigas pontas lisas.

A busca pela cabeleira natural, porém, fez as vendas de produtos para modelar ou fixar o penteado registrarem tombo de 18,6% no país entre 2013 e 2018, segundo dados da consultoria Euromonitor International.

Rede especializada em cabelos cacheados e crespos, o Beleza Natural está concluindo uma revisão de seu portfólio. Em dois anos, lançou dez serviços e outra dezena de produtos atenta à demanda por cuidados sem química. Eles vêm disputando espaço com o carro-chefe do grupo, o Super-Relaxante, que deixa os cachos maleáveis e definidos, com menos volume.

— As mulheres querem cada vez mais descaracterizar a homogeneidade, querem ser únicas. Cresceu a demanda pelo cabelo natural, com muito volume, corte moderno, trançado. Estamos atentas a isso, mas há espaço para todas — conta Leila Velez, cofundadora e diretora executiva da rede com 41 unidades no país e uma nos Estados Unidos.

É demanda vista dentro da rede. Shaiene Bastos, auxiliar na filial de Madureira, fez a transição para o crespo.

— E me apaixonei. Não tenho mais coragem de fazer química — diz ela, que aparece em campanhas do Beleza.

As vendas de produtos da marca subiram 30% em 2018. A taxa deve dobrar este ano, agora que há vendas no varejo, em parceria com a rede A Nossa Drogaria. Outra novidade são as tranças, serviço já disponível nas filiais de Campo Grande e Madureira.

A rede fechou parceria com a Trançaterapia, ONG sob comando de Gabriela Azevedo, que enxerga na arte de trançar caminho para disseminar e valorizar a cultura afro. E também ensina o ofício a mulheres em situação de risco, como forma de gerar renda e recuperar a autoestima, contou Leila.

— Eu tranço cabelo desde os meus 12 anos. Em 2014, saí de casa com uma das minhas irmãs e nós duas começamos a trabalhar com tranças onde moramos. Soube que a Gabriela estava fazendo uma seleção, participei e fui contratada pelo Beleza. A trança me trouxe a profissão, mas também um resgate de ancestralidade, atitude, segurança — diz a trancista Jéssica Lacerda, de 26 anos.

A estudante de Direito Mariana Nascimento trançando os cabelos: Foto: Marcos Ramos / Marcos Ramos

A estudante de direito Mariana Nascimento, de 23 anos, foi do Super-relaxante ao big chop . Adotou o visual afro natural e curto, que agora alterna com outros de tranças longas ou nagô, aquelas presas ao couro cabeludo.

— Ganhei muita liberdade em como usar o cabelo. É um processo que muda sua atitude — disse ela, explicando que usa diversos tipos de produto e não apenas os completamente sem química.

O mercado parece se expandir. O perfil do cabeleireiro carioca Bruno Dantte no Instagram alerta: “Viva seu cabelo real. Não fazemos relaxamentos”. Há dez anos, avisou no salão em que trabalhava que não faria mais tratamentos químicos em cabelos crespos e cacheados. Passou a focar no cuidado dos fios naturais. Dois anos atrás, abriu na Barra da Tijuca seu primeiro salão. Vieram mais dois, em Nova Friburgo e São Paulo. Em julho, abre em Laranjeiras. E seguirá crescendo, diz Dantte:

— O modelo do salão foi meu projeto de conclusão do curso de Administração. Com foco no cabelo natural, corte a seco, finalização específica. São poucas opções no mercado ainda. Tenho planos de abrir na Baixada Fluminense.

Antes e depois da transição capilar. Foto: Divulgação/Bruno Dantte Conceito / Divulgação/Bruno Dantte Conceito

Gigantes se renderam

A L’Oréal, uma das gigantes do setor de beleza, segue a onda:

— Nos últimos cinco anos, vemos o protagonismo do cabelo cacheado, muito em linha com uma questão de identidade. O desejo por ter cabelo crespo ou com cachos cresceu 22%. Mas ele exige tempo e dedicação para ser cuidado — frisa Ana Teixeira, diretora de estudos do consumidor e tendências da companhia.

Em 2018, a Elseve ganhou a linha Óleo Extraordinário Cachos. Um ano antes, a Niely lançou a Diva de Cachos, enquanto a Redken, voltada para profissionais, tem desde de 2013 a Curvaceous.

Já a Yamá, fabricante do creme Yamasterol, viu sua produção anual triplicar para três milhões de unidades nos últimos cinco anos. Salto puxado pelo condicionador há 53 anos no mercado.

— O Yamasterol sempre foi um produto liberado. Com a ascensão do movimento Lo/No Poo , blogueiras passaram a destacar o produto. Criamos a linha Cachos, depois, veio a Cachos Coco — conta o diretor Paulo Shigueo Yamamora.

A carioca Lola Cosmetics, há oito anos no mercado, começou com a Crioula, linha para cachos e crespos.

— Era uma lacuna de mercado no Brasil. Não havia produtos livres de parabenos e óleos minerais para não afetar a fibra do cabelo crespo. Dos nossos 88 produtos para cabelo, 45% são para crespos e cacheados. Estamos ampliando a rede de lojas. Virão mais duas no Rio este ano — conta Fernanda Vidal, gerente nacional da Lola.

Colaborou David Barbosa, estagiário

Fonte: O Globo

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